Entrevista com Flávio Marão


Tiago[Blog] - Como é dar continuidade numa cultura tão rica como a de Cachoeiro do Itapemirim?
Flávio Marão - Penso que é muita responsabilidade para qualquer segmento artístico pois a cidade já projetou grandes nomes no cenário nacional. A renovação dos artistas (nova geração) deveria acontecer sendo totalmente apoiada pela cidade, entre pessoas e poder público. Sem isso fica difícil uma continuidade.


Tiago[Blog] - Fala sobre suas parcerias de composição e como escolhe os interpretes pras suas músicas.
Flávio Marão - Parceria musical considero algo de extrema dificuldade,um bom exemplo disso é com meu parceiro Juliano “Rabujah” Machado. Fiquei 1 ano com 4 harmonias dele e não saiu nada, mas quando ele mudou-se para vitória nos encontramos mais vezes. Certo dia ele tocou uma harmonia, eu me interessei e gravei no mp3. Incrível, mas fui fazendo a letra andando na rua e quando cheguei em casa estava pronta, morava a 3 quarteirões da casa dele. Mas além dele tenho parceria com Anderson “Chokolate” (de vitória) e mais recentemente com a poetisa Milena Paixão (http://pao-de-sol.blogspot.com). A escolha dos intérpretes vem de acordo com o que a música pede, não tem muita receita isso não, eu acho que até agora deu certo.


Tiago[Blog] - Você vive das suas músicas ou tem outro trabalho paralelo pra se sustentar?
Flávio Marão - Não vivo de música, sabemos que é o caminho das pedras, por isso paralelo a música trabalho numa ong que fundei a 4 anos atrás chamada Instituto Teia. Nela desenvolvemos projetos de geração de renda e meio ambiente.


Tiago[Blog]Como foi sua experiência no rock?
Flávio Marão - O rock ele te alimenta na atitude, na hora de extravasar alguma coisa. Considero algo que ainda está presente em mim. Quando você pergunta “como foi” parece que já passou, na verdade eu ainda busco influência no bom e velho Rock´n roll, o que acontece é que ampliei meu leque de sonoridades. Acho que isso foi bom para minha produção musical.

Tiago[Blog] - Conta um pouco sobre suas participações em festivais. Tem algum projeto de álbum pra sintetizar as suas músicas atuais?
Flávio Marão - Na verdade eu comecei a “dar as caras” no ano passado, tudo pra mim tem muito pouco tempo, apesar de tocar a anos. Só que nunca coloquei minhas músicas na rua, dar a cara a a tapa, tudo isso é muito novo pra mim. No ano passado participei do Festival da Canção de Vila Velha, na interpretação de Juliano Rabujah com a música “Velho Samba Canção”, eu toquei pandeiro nesse dia, tava muito inseguro ainda. Depois foi a vez de me aventurar mais um pouco. Passei com a música “Vai ter que ralar” na interpretação de Amélia Barreto e dessa vez fui como violonista. Tremi de cima embaixo! Mas valeu muito a experiência. Depois uma música composta em parceria com Juliano passou no Festival Vitória em Canto, nessa eu toquei percussão. Nesse ano de 2008 eu resolvi apostar e ver o que dava e mandei uma música minha gravada em violão e voz por mim mesmo para o Festival Nacional da Canção novamente. Para meu espanto e alegria fui classificado com a música “de viés”. Gostei muito da experiência de tocar e cantar pois é a minha visão sobre a música. Não que seja ruim outras interpretações, mas é que até então a minha visão sobre o determinado tema ainda não tinha sido ouvida. Depois desse dia decidi montar um trio para tocar minhas músicas e objetivando uma futura gravação também. Tenho um projeto sim para gravar as músicas, escrevi para Lei Chico Prego e pretendo escrever para Lei Rubem Braga também. Se não der certo nenhuma das duas vou entrar pra gravar independente mesmo. Mas minha meta é até julho do ano que vem estar com alguma coisa já bem madura. Quanto ao Projeto Feijoada, outro projeto que desenvolvo em Cachoeiro, já conta com 6 músicas bem consistentes e pretendemos gravar ainda no final desse ano para lançar algo no verão, a linha do Feijoada é Samba-Canção / Samba-Rock.

Tiago[Blog] - Você ouve produções atuais de artistas capixabas? Quais?
Flávio Marão - Ouço sim, procuro sempre estar ligado no que andam produzindo. Acompanho o trabalho do Casaca , que além de tudo são grandes amigos, do Macucos, Kanabaus, do Zé Moréia, Afonso Abreu,, Tamy, Zé Maria, Na Palma, J3, Dead Fish,. Posso citar uma banda que foi montada recentemente também a “Tabacarana” (samba rock) do parceiro Juliano Rabujah,, além dessas bandas citadas existem outras que sempre procuro saber como está a sonoridade.

Tiago[Blog] - Como você vê o foco da mídia no eixo Rio-São Paulo?
Flávio Marão - A internet possibilitou tirar uma fatia de atenção desse eixo. Hoje a música se torna universal em questão de minutos, é só você colocar num desses espaços na internet e divulgar. Antes só tinha uma maneira de todos te ouvirem, que era através do rádio. Sabemos que uma boa parcela ainda se concentra lá, pois possuem os melhores espaços para shows e facilidade de divulgação, mas perderam muito espaço.

Tiago[Blog] - Quais são suas influências no Espírito Santo?
Flávio Marão - Os Cachoeirenses: Marcos Resende e Sérgio Sampaio a capixaba Nara Leão. Música folclórica como Congo e Folia de Reis.

Tiago[Blog] - Você já ficou sabendo do evento "Omelete Marginal"? O que achou? Qual a expectativa?
Flávio Marão - Sim. Acompanho o site “Intervenções Urbanas” a algum tempo e acho legal o espaço na internet. Que seja mais um e não pare por aí. O Fred é um cara bem antenado e está sabendo levar o esquema de divulgação para público diverso.

Tiago[Blog] - Algum projeto em mente, algum lançamento, show marcado, festival que irá participar? Qual sua agenda?
Flávio Marão - Projetos tenho vários (rs) a cabeça não para de funcionar. Tenho projeto de gravar alguns sambas que compus com o Projeto Feijoada, gravar também um disco com minhas músicas que não são na linha do samba com o trio que montei chamado “Balaio” (Mateus Alt – Bateria / Renato Lopes – Baixo). Estou também empenhado em dar continuidade ao trabalho do Encuca, que está se transformando em site e em breve estará divulgando a diversidade e a produção local artística de Cachoeiro. Festival ainda estou preparando as duas que vou mandar para o Festival Nacional da Canção do ano que vem. Quanto a agenda, toco mais vezes com o Projeto Feijoada as datas são:

Dia 28/11
Local: Buteko (Antiga Convento, Praia do Canto) - Vitória
Hora: 22h
Projeto Feijoada + Tabacarana Samba Rock
Ingresso: R$ 20,00

Dia 27/12
ROCK DA TARDE - Abertura do Verão no Geredy´s
ENTRADA FRANCA

Dia 02/01/2009
Local: Nativo ( Lagoa Funda - Marataízes)
Abertura do Programa de verão do Nativo.
Hora: 23hs
Ingressos: a definir

Encerro a entrevista agradecendo o espaço e dizendo como é importante ter espaços de divulgação como esse na Internet. Uma excelente atitude de montar um blog para essa finalidade, e, como eu disse no site do Intervenções Urbanas, que seja mais um espaço!